Coluna de Segunda-feira
FAVORITO, MAS VULNERÁVEL
Ou o MDB ganha a eleição no primeiro turno ou terá todos contra ele no segundo. Na mais demora e conturbada fase convencional dos partidos, foi só no entardecer do domingo, prazo final das definições, que as cartas foram ajustadas ao jogo. MDB e PSDB juntos enfrentam PSD, DEM e PP. As primeiras leituras sugerem a reedição de uma disputa de “arenistas” versus “emedebistas”. O PP teve que entregar a cabeça de chapa e ter apenas uma vaguinha para Esperidião Amin no senado, enquanto do outro lado, o MDB teve que entregar três de quatro vagas para conseguir preservar a cabeça de chapa. O primeiro problema da chapa liderada por Mauro Mariani será contar com a fidelidade dos seus aliados. A chapa de Mariani com Napoleão Bernardes de vice é tão forte que pode ganhar no primeiro turno, mas tão vulnerável que pode perder no segundo.
SITUAÇÃO
Para compor a sua chapa Mauro Mariani teve que primeiro vencer uma guerra silenciosa interna tirando Eduardo Moreira do jogo. Passo seguinte foi a vez de tirar do processo Paulo Afonso Vieira candidato ao senado. A costura com o PSDB foi feita através de interlocutores antigos. O “sim” do PSDB foi o “yes” com soco de punho serrado. Agora é só garantir a fidelidade.
OPOSIÇÃO
A “pedra” no caminho de Gelson Merísio para construção da chapa foi Esperidião Amin. O ex-governador mostrou ao final que tem mais do que o seu PP, tem ascendência inclusive sobre o DEM. O candidato a governador não teve dificuldades para acertar com uma enorme relação de partidos. O que ele precisa agora e combinar com o eleitor.
A GOTA D´ÁGUA
As negociações foram intensas neste fim de semana e só foram fechadas no meio da tarde de ontem. A gota d´água que transbordou em favor do “balde cheio” foi quando Paulo Bauer (PSDB) não encontrou candidato a vice. Convidou Leonel Pavan e Giovânia de Sá, que declinaram Ficou vulnerável e teve que recorrer a lideres como Marcos Vieira e Dalírio Beber simpáticos à aliança com o MDB como plano “B”.
FORÇA
Se analisarmos as três maiores chapas das eleições de Santa Catarina há ampla vantagem da chapa MDB e PSDB, pois são 101 prefeituras, entre as quais seis grandes como Joinville, Jaraguá do Sul, Blumenau, Florianópolis, Itajaí e Criciúma. Já a aliança PSD e DEM com PP têm 61 prefeituras e entre as maiores estão Chapecó, Palhoça, São José e Lages. O PT em 20 prefeituras.
O PP É O AMIN
Como em 2014, neste ano de novo Esperidião Amin fez do PP o que quis, porque quem poderia ter feito do PP o que deveria fazer antes, não o fez. Refiro-me às novas lideranças que não construíram o partido, mas cuidaram dos projetos pessoais. Isso foi feito sob a sombra do PP, que é consequência do vulto Amin. E o vulto Amin é o mesmo que oferece a sombra a todos aqueles que se orgulham de ter um partido forte, que na verdade não é tão forte como parece. Basta o vulto dar um passo para cá, ou para lá, que a sobra deixa todos descobertos.
O GOLIAS
Os progressistas precisam entender que esse vai e vem com o PSD é fruto de uma negociação conduzida por Gelson Merísio. Primeiro era boa para os deputados, depois Amin entrou no jogo e avisou Merisio que não adianta ter o PP, tem que ter Amin. Quando Merisio, até que enfim convenceu Amin e já tinha convencido os deputados, ganhou o PP. Como Amin já tinha relacionado ao patrimônio do PP o DEM de João Paulo Kleinubing, Merísio levou de brinde também o DEM.
BRIGA DE GENTE GRANDE
A disputa ao Senado pode ser ainda mais emocionante que a disputa pelo governo do Estado. Sem menosprezar a força de Jorginho Melo, nem do PT que tem Ideli Salvati e Lédio Rosa, existem três nomes fortes brigando por duas vagas. O MDB que se costuma dizer “elege um poste” tem a indicação de Paulo Bauer que também é o único nome do PSDB e por isso tem potencial de favorito. Esperidião Amin carrega consigo percentual que lhe habilita a qualquer disputa. Raimundo Colombo vem de sete anos de governador, impensável que não tenha amarrado sua eleição ao Senado.
ECO Como nenhum destes últimos dias terminou com certezas absolutas, a noite deste domingo abriu com duas informações que poderiam significar alguma ameaça ao que já estava anunciado.
INTERIOR Uma informação é sobre a indignação que teria tomado progressistas “aminzitas juramentados” sobre o apoio a Gelson Merísio. Este assunto e a lista de candidatos da proporcional provocaram reunião emergencial ontem à noite.
NACIONAL A outra informação é a reação do diretório nacional do PSDB desaprovando a aliança com o MDB na cabeça de chapa. Isso porque os tucanos entendem que ficam sem palanque do “45” em Santa Catarina porque o MDB tem Henrique Meirelles candidato e não pode fazer outra campanha senão para o “15” sob o risco da infidelidade.
SUPLENTE Paulo Bauer candidato a senador na aliança MDB e PSDB vai convidar o ex-prefeito de Turvo, Ronaldo Carlessi para ser o seu candidato suplente.
ACEITOU Ivete Silveira, viúva do ex-governador e senador Luiz Henrique da Silveira aceitou convite para ser suplente de Jorginho Melo (PR).
NO PACOTE Para o MDB desconvidar Carmen Zanotto (PPS), que havia sido convidada para ser vice, foi mais fácil que tirar pirulito de criança.
EXPLIQUEM-SE São muita as “saias-justas” se põem após uma “salada” de siglas como a que acaba de ser composta, mas em Criciúma há uma ainda mais curiosa. Trata-se do palanque que terá Eduardo Moreira e Clésio Salvaro juntos.
FRASE DO DIA
“A aliança MDB e PSDB é auto explicável e isso é fundamental para a gente encarar o eleitor.”
Mauro Mariani, candidato a governador, ontem, após definida a chapa.