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Anos 50

Começa a Era Freitas

Os tempos românticos do rádio foram vividos plenamente pela Eldorado, que permaneceu sob a gestão tripartite de José de Patta, Cláudio Schueller e Hercílio Amante até 1955. Os musicais e os recados permeavam a programação, que mantinha certa regularidade pela manhã e tarde, com um intervalo para o almoço. Os altos do Café São Paulo recebiam músicos dos mais diversos lugares que vinham se apresentar. O espaço não era dos maiores, mas o suficiente para que locutores e músicos se reunissem em torno do microfone para as irradiações.

Em 1955, o médico José De Patta, principal líder entre aqueles que se reuniram em 1946 para fundar a Eldorado, deixa Criciúma. Ele transfere-se para Florianópolis, onde vai exercer cargo no Governo do Estado e dirigir um hospital. A esta época, já crescia na cidade a influciência do empresário Diomício Freitas, que começava a construir um império com base na atividade mineradora. Diomício adquiriu a Rádio Eldorado, que passou a ser precursora de uma grande rede de comunicação que no futuro viria, inclusive, a dar origem à Rede de Comunicações Eldorado, RCE, a primeira televisão com cobertura e abrangência estadual, no final dos anos 70.

Nos primeiros tempos da Era Freitas a Eldorado não perdeu o caráter artístico de sua grade original. Neste período a emissora já estava instalada no Edifício Dom Joaquim, construído em 1941 pela Diocese de Tubarão. A Eldorado havia deixado para trás os altos do Café São Paulo, onde nascera nos anos 40, para os andares superiores do Café Rio. A Igreja Católica, proprietária da nova sede, marcava presença na programação, com seus sacerdotes celebrando e oferecendo orações e mensagens em alguns instantes da programação.

Inicia-se um processo lento e gradual de profissionalização da Rádio Eldorado. Os antigos speakers, muitos amadores que dividiam seu tempo entre o microfone e suas profissões, abriam espaço para profissionais contratados exclusivamente, ou quase, para a atuação na emissora. Desde 1950 já figurava nos quadros da Eldorado o conhecido locutor João Sônego. É de 1950 a transmissão do primeiro jogo de futebol em Criciúma, uma partida disputada no estádio Irineu Bornhausen, em um sábado de chuva, com a voz de Sônego gravando os acontecimentos que foram levados ao ar no dia seguinte pela Eldorado.

Ainda na primeira metade dos anos 50, chegou em Criciúma para gerenciar a Rádio Eldorado o conhecido radialista Ézio Lima, que fez fecunda carreira na radiofonia da cidade, transferindo-se já nos anos 60 para a co-irmã Rádio Difusora, da qual foi um dos baluartes até sua morte, em 1967. Com Ézio, ingressaram na Eldorado nomes como Antônio Luís, Sílvio Bitencourt, Ana Sônego além dos sonoplastas Olímpio Vargas, Valmir Lopes e Valdir Lopes, entre outros.

A música continuou sendo o carro-chefe da Eldorado. Quem chegava na rádio pela escadaria ao lado do Café Rio observava, primeiramente, a portaria e gerência, no primeiro andar. No segundo andar estavam o estúdio, o auditório com capacidade para cerca de 50 pessoas e a discoteca, além de outras repartições. Neste auditório, brilharam por bom tempo as irmãs Kátia e Dione Broleis. A primeira acabou se convertendo em uma das grandes locutoras da história da Eldorado vindo, anos depois, a também fazer parte da extinta co-irmã Difusora de Criciúma.

A vida política passou a ter, aos poucos, espaço importante na Rádio Eldorado, principalmente a partir dos parâmetros estabelecidos pelos ideais do então diretor-presidente, Diomício Freitas. Em 1954, Criciúma tomou conhecimento do suicídio do presidente Getúlio Vargas pela Eldorado. A notícia, transmitida pelo Repórter Esso da Rádio Nacional na manhã de 24 de agosto foi imediatamente retransmitida pela Eldorado. De imediato, choque e comoção na praça Nereu Ramos.

A Rádio Eldorado ganhou cores políticas nas renhidas disputas locais, fugindo um tanto da dita isenção que preponderava até então. Mas isto resultou também em investimentos. A torre de madeira deixava de existir na praça e, para o lugar dela, o Grupo Freitas/Guglielmi providenciou cornetas que foram instaladas na fachada do novo prédio sede, construído em 1941 para homenagear o saudoso arcebispo Dom Joaquim Oliveira, de grande prestígio no universo católico regional. A partir da mudança para o Dom Joaquim, a ligação entre o estúdio da Eldorado e a antena transmissora - a esta altura instalada no atual bairro Pio Corrêa, nos arredores de onde hoje está o Colégio Marista -, passou a ser feita por fios improvisados pela própria equipe técnica da Eldorado e pendurados nos postes da Companhia Força & Luz, distribuidora de energia elétrica da cidade. Vira e mexe, um caminhão dos que carregavam carvão pela cidade, alguns dos próprios donos da Eldorado, arrancavam os fios e tiravam a emissora do ar.

É desta época a primeira transmissão de futebol pelo rádio em Criciúma. Coube naturalmente à Eldorado o pioneirismo nos idos de 1950. Um gravador de grande porte era, a duras penas, transportado até os estádios e, por ele, o então narrador J. Sônego gravava os jogos e os transmitia no dia seguinte pela Eldorado. Vem desta época uma curiosa lembrança do à época menino Francisco Milioli Neto, que anos depois ingressaria na Eldorado para o início de uma consagradora carreira na comunicação regional.

O tal gravador que a Eldorado havia comprado era um negócio enorme, descomunal. O Sônego levou aquilo até o estádio Irineu Bornhausen que ficava ali onde hoje está a Gerência de Educação, no Pio Corrêa. Era 1950 e ele narrava o jogo sozinho, gravava e colocava no ar no outro dia. Foi a primeira transmissão de futebol de Criciúma. Naquele primeiro jogo, o Sônego pediu ajuda a um senhor chamado Fúlvio Leite, homem bastante conhecido que consertava sapatos e era um torcedor fanático do Comerciário. Era um jogo do Comerciário inclusive, e o Sônego pediu ao seu Fúlvio que ficasse segurando o guarda-chuva enquanto ele narrava, já que estava chovendo. O seu Fúlvio vibrava com o jogo e várias vezes, na gravação, aparecia o Sônego mandando que ele tirasse o guarda-chuva da frente. Foi tudo para o ar na Eldorado.

J. Sônego já estava experiente nas complicadas transmissões da época quando outro nome que teve grande importância no futuro das comunicações em Criciúma ingressava na Rádio Eldorado. Foi em uma manhã de 1954 que o então funcionário das Lojas Renner, Antônio Sebastião dos Santos, submeteu-se a um teste logo cedo no estúdio da emissora, que na época abria suas transmissões às 9 horas, fechava às 14, retornava às 16 e emudecia diariamente às 22 horas. Aprovado, logo passaria a se incorporar ao cast o conhecido locutor Antônio Luiz, que passou a dedicar-se não apenas à locução mas também a venda de espaços publicitários e criação de novos programas. Coube a ele lançar sucessos como o Revista Matinal, no qual lia notícias de jornais - havia grande repercussão a leitura das notas sobre crimes do Notícias Populares, de São Paulo -, receitas de remédios caseiros aprovadas por médicos da cidade, curiosidades e dedicatórias musicais. Criou ainda o Romance e Melodia, programa noturno que apresentava músicas românticas e cartas apaixonadas com poesias dos apaixonados e apaixonadas. Nesta época, brilhavam na programação o Jornal Falado Eldorado, das 12 às 12h30min, o Resenha Esportiva, das 18 às 18h30min, e o Grande Jornal Falado Eldorado, das 18h30min às 19 horas. Nestes horários, as cornetas eram ligadas para retransmitir a emissora para os transeuntes da Praça Nereu Ramos. De resto, só se ouvia a emissora nos 570 quilociclos.

Os anos 50 foram marcados ainda pelas estreias de mais dois grandes ícones da história do rádio criciumense na Eldorado. Jogador de futebol de reconhecido talento, o ponta direita Clésio, do Atlético Operário, sofrera duas fraturas na mesma perna em diferentes disputas e, após a segunda, resolveu abandonar o futebol. O amigo J. Sônego o convidou, então, para ser cronista esportivo na Eldorado. Nascia ali, em meados de 1955, o comunicador Clésio Búrigo, que fez grande parte da sua notável carreira no microfone da Eldorado até o final dos anos 90, portanto por mais de quatro décadas. Certamente ele foi o maior usuário de máquinas de escrever em toda a história da emissora, pois das locuções dele nada se fazia por improviso. O antigo locutor tinha por praxe escrever tudo o que fosse falar. Notabilizou-se como narrador esportivo, em tempos em que os cronistas deviam também comentar, realizar reportagens, produzir e apresentar programas. No final de 1956, Clésio conduz um amigo seu para o rádio. Do convívio escolar no Lapagesse, conhece Milioli Neto, que surge como outra novidade despontando no departamento esportivo da Eldorado, que continuava reinando exclusiva no dial de Criciúma e a esta altura soberana entre as poucas emissoras do sul.

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