Nas linhas e entrelinhas do debate
Não é privilégio de Criciúma, desde os tempos em que as redes sociais passaram a nortear as principais discussões, temos debates como o realizado na manhã desta segunda-feira em Criciúma. Os candidatos visivelmente mais preocupados em alfinetas que possam receber ou dar do que em oferecer uma verdadeira inovação à gestão da cidade.
Foi assim que vi o debate que tive o privilégio de mediar, nesta segunda-feira (21) em Criciúma. Para as torcidas me parece ter sido um debate menos morno do que se poderia esperar. Para quem espera algo impactante em relação a cidade deixou a desejar. Os candidatos parecem ter detectado entre os eleitores que leva a melhor quem “lacrar”.
Fiquei com saudades dos tempos em que a gente saia do debate disposto a questionar como seria viabilizada aquela promessa, como foi no início da década passada quando um candidato anunciou gerar 10 mil empregos na cidade.
Me pareceu evidente que o candidato Clésio Salvaro mirou no candidato petista Chico Baltazar, enquanto especialmente Chico e Júlia carregaram mais a artilharia mirando no prefeito candidato à reeleição. Logo de cara ficou evidente que Chico, Anibal, Minotto e Júlia enxergam em si a possibilidade de “acertar” o prefeito. Tanto é que parecia até tabelinha ensaiada. Creio que seja apenas coincidência e de um raciocínio lógico a ser feito.
ANÍBAL – Dos candidatos de oposição mostrou ser quem melhor conhece a cidade e ensaio uma proposta no fomento tecnológico, mas fez a defesa mais em tom de consultório médico do que de uma mesa de conflito de gestão como é a cadeira de prefeito.
CHICO – Como todo petista sempre que pode invoca a idolatria ao ex-presidente e traz à lembrança o governo reeleito – mas cassado – Décio Góes. Parece confortável em relação à fidelidade do seu eleitorado e conhece de onde pode vir voto e de onde não virá.
CLÉSIO – Diferente de campanhas anteriores parece ter caído na tentação gerada pelas redes sociais e dispensa relação de feitos pela cidade, enquanto usa expressões mais compreensíveis entre candidatos de oposição.
COSME – Seguro como todo militar demonstra imunidade à tentação das picuinhas e invoca a sua experiência como gestor da segurança pública para sugerir a mesma tenacidade em outros setores. Por outro lado, parece pouco valorizado pelos demais oposicionistas.
EDERSON – Tem o perfil do PSTU sem perder o nível do debate. Revela que mesmo aqueles até então desconhecidos conhecem bem mais a cidade do que alguns que já se apresentaram bem mais cedo à disputa. É ponderado.
JÚLIA – Mantém seu estilo contundente na hora de “estocar”, especialmente o prefeito atual. Ainda não revelou, como os demais, um texto claro em termos de proposta, senão o da transparência. Segue o padrinho Bolsonaro. Aliás, invocou menos o nome dele do que se esperava.
MINOTTO – Oscila ainda em meio termo no debate sem bater nem apanhar ou mesmo apresentar alguma proposta marcante. Não parece disposto a brigar com ninguém. Confirma a sua condição de franco atirador.