Uma publicação sem decoro
Pequenas, quase imperceptíveis mudanças podem ser inseridas em nossas vidas todos os dias, algumas delas transformando-se em hábitos. Isso não se restringe aos nossos gestos, mas também ao nosso linguajar. O empobrecimento do nosso vernáculo é flagrante e acentuado. Parte da responsabilidade por este processo eu atribuo aos nossos ídolos e líderes. E não se pode atribuir apenas ao atual presidente da república a pixórnia maneira de se comunicar só porque vazou um áudio que revela isso. Óbvio que não são apenas dele os exemplos, pois isso vem de tempos. Sob o argumento do uso do “linguajar do povo”, outros, muito antes, apelavam à pobreza verbal para se expressar. Uma pena, pois isso nos remete aos porões seja da fala, dos gestos, dos atos e até dos pensamentos. Inevitavelmente este será consequentemente o nível das nossas ideias.
Pois é sob esta nuvem que aparecem cenas como a patrocinada pelo deputado Jessé Lopes, nesta segunda-feira, quando levou à uma rede social a interpretação do que é fruto do que convencionamos chamar de fofoca de bastidores. Isso é tão lamentável quanto pode ser o fato se verdade for o que ele sugeriu ter ocorrido. Meu Deus, Jessé Lopes não é da margem dos rios onde se bate o trapo, ele é deputado. O conheço pouco, o suficiente para admirá-lo por sua gênese, mas confesso jamais esperava ler isso de um deputado da nossa região numa rede social pública - aberta.
Tenho por mim que esta foi a última das suas extravagâncias. Ele tem potencial para ser o deputado que representa os seus eleitores que são os mais indignados com algumas barbaridades que vemos no mundo chamado poder público. Mas não podemos isolar o deputado é dizer “Meu Deus que absurdo”, pois nas entrelinhas e cantos de gabinete o que ele disse vem sendo dito há dias. O que ele fez foi rotular a especulação com o seu carimbo de deputado e isso é estrondoso.