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commentJornalismo access_time18/03/2024 14:58

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commentEsporte access_time18/03/2024 11:29

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commentCriciúma EC access_time18/03/2024 10:55

O Tigre recebeu o Hercílio Luz na noite deste domingo (17) no estádio Heriberto Hülse e venceu, de virada.

Anos 60

Consolidada e com concorrência

Os anos 60 trouxeram uma grande novidade ao cenário radiofônico local: a concorrência. Reinando soberana desde 1946, a Rádio Eldorado ganhou uma co-irmã em 1962 quando, em 13 de agosto, entrou no ar a Rádio Difusora, que se autodenominava “A Emissora do Trabalhador”. Tal fato passou a evidenciar, no dial, uma dicotomia que se estendia do futebol à política passando, naturalmente, pelos diferentes gêneros de se fazer rádio. “A Eldorado pintava de verde. A Difusora, de azul”, sempre disseram os estudiosos deste tempo bastante rico da história de Criciúma.

Ocorre que a Rádio Eldorado usufruía do auge da atividade mineradora, de onde vinha seu sócio-proprietário, Diomício Freitas, a esta altura o mais próspero minerador de Santa Catarina e dono de uma carreira política ascendente. Liderança da União Democrática Nacional (UDN) em Santa Catarina, Diomício elegeu-se deputado federal pela legenda com expressiva votação. Entre seus cabos eleitorais, o poderoso time do Esporte Clube Metropol, uma equipe amadora em seus primórdios, transformado em um poderoso time de futebol pelo investimento dos sócios Diomício Freitas e Santos Guglielmi a partir do início dos anos 60. A história, contada no livro “Histórias que a bola esqueceu”, do jornalista Zé Dassilva, explica bem a importância fundamental que a dobradinha Freitas/Guglielmi teve para a formação do chamado Metropol rico, cinco vezes campeão catarinense e dono de uma inédita excursão catarinense ao futebol europeu, uma façanha para a época. Neste mesmo guarda-chuva estavam as diversas empresas do grupo, entre as quais a Rádio Eldorado que, naturalmente, rezava a cartilha dos Freitas, Guglielmi, dos mineradores e do Metropol.

Para fazer o contraponto a tudo isto, nascia a Rádio Difusora, a partir da liderança do deputado federal Antônio Doutel de Andrade e do político local Addo Vânio de Aquino Faraco, ambos identificados com o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). A Difusora nasceu combativa, contrariando todo o discurso da Eldorado. Até o golpe militar de 1964, operou com um conteúdo bastante politizado, voltado aos trabalhadores das minas de carvão e ao combate aos conservadores nas esferas federal, estadual e municipal.

Eis que o golpe militar de 31 de março de 1964 acabou por deixar a Eldorado novamente sozinha no dial criciumense, ao menos por alguns meses. Ocorre que na manhã de 2 de abril, poucas horas depois do golpe, a Rádio Difusora foi lacrada, justamente por conta do conteúdo que transmitia, e assim permaneceu até o final do ano. A concorrente voltou a falar à comunidade em janeiro de 1965, com um novo estilo de programação, mais popular e menos politizada, fazendo surgir o mais forte concorrente que a Eldorado já enfrentou. A disputa deixava de ser abertamente política – embora os embates continuassem nos bastidores –, e passava a ser artística, na guerra diária pelos ouvintes.

“A Difusora seguia uma linha mais popular, de mais conversa com a população com uma linguagem descontraída e musicais, enquanto a Eldorado era mais clássica e conservadora, em respeito às suas origens”, lembra o antigo radialista Antônio Luiz, que continuava a militar na Eldorado nos anos 60. Com a consolidação da nova Difusora, que não era mais ligada ao PTB mas sim ao antigo Partido Social Democrático (PSD), e seus comerciantes do Centro, as diferenças ideológicas entre as concorrentes se acentuavam. A Eldorado continuava firme na defesa da mineração e do Metropol, enquanto a Difusora era comandada por lideranças do comércio e, portanto, mantenedores do Comerciário Esporte Clube. Daí, o azul do Comerciário na conhecida “Difa”, e o verde do Metropol na Eldorado. A concorrência fazia com que, por vezes, uma emissora acabasse por deixar de transmitir o jogo de outra. A identificação era clara para os ouvintes, embora os profissionais, alheios às disputas mantidas por seus patrões, se esforçassem no sentido de realizar as mais neutras coberturas possíveis.

Eldorado de casa nova

Em 1960 a Rádio Eldorado passou a funcionar na terceira sede da sua história, o atual Edifício Diomício Freitas, na rua Rui Barbosa. Tratava-se de um prédio de dois pavimentos, sendo que no superior estavam as instalações técnicas e também o auditório com cerca de 140 lugares, de onde programas ao vivo eram transmitidos. Foi nesta sede que, em 1964, os funcionários enfrentaram momentos bastante tensos. Ocorre que uma greve dos trabalhadores da mineração veio a avançar em direção à emissora. Em protesto, os mineiros marcharam até a Rui Barbosa com o objetivo de invadir o escritório da Carbonífera Metropolitana, que localizava-se no andar térreo do mesmo prédio da rádio. Quando já preparavam a invasão do local, os manifestantes foram surpreendidos pela figura franzina de dona Dina, irmã de Diomício Freitas. Com um contundente discurso, ela acabou dispersando o movimento e salvando a Eldorado de um possível quebra-quebra. Logo, o impasse estaria disfeito e mais uma greve encerrada.

Enquanto isso, a programação mantinha seu perfil clássico. Dois jornais falados eram produzidos por dia, cada qual apresentado por uma dupla de locutores. O primeiro e principal começava às 12 horas e, no seu auge, chegou a se estender até 14h30min. Era o Grande Jornal Falado. Os comentários e as notícias pautavam o noticiário. O segundo, Jornal Falado Eldorado, começava após a apresentação da Hora da Ave Maria, momento de reflexão da Igreja Católica às 18 horas, e se estendia até 19 horas. Um dos mais antigos profissionais da história da Rádio Eldorado, Agilmar Machado, que ingressou na emissora em 1948, recorda que a base da produção era a leitura e o recorte dos jornais Correio do Povo, de Porto Alegre, e O Estado, de Florianópolis. É desta época também a existência de correspondentes, pessoas que transmitiam informações de lugares como Rio Maina, Próspera, Siderópolis e Forquilhinha, funções desempenhadas por figuras como Ataíde Madeira, Orlando Jacomette e Apolinário Tiscoski, entre outros.

Tecnologia que evolui

O rádio era muito pobre tecnicamente nesta época. As transmissões externas se davam com a fixação de antenas improvisadas com troncos de eucaliptos e rádios de VHF cujas freqüências eram procuradas ao sabor da sorte nas tardes de futebol. Não raro, os profissionais se deslocavam, narravam os jogos de Metropol, Atlético Operário, Comerciário e Próspera e, ao retornarem à cidade, constatavam que nada havia sido ouvido aqui. Era a tecnologia existente na época.

No que foi possível avançar, o Grupo Freitas investiu. Os primeiros gravadores que operaram em Criciúma pertenceram à Rádio Eldorado. Em 1965, quando assumiu a direção da emissora, o radialista Antônio Luiz foi ao Rio de Janeiro buscar uma gravadora de spots, que permitia a produção de comerciais em Criciúma. Antes, era necessário enviar textos e até locutores para Porto Alegre. Com este investimento, a Eldorado passou a ser referência em gravações na região, e começou a gravar inclusive para concorrentes, como a própria Rádio Difusora. É deste período também a transferência dos transmissores da antiga área no bairro Pio Corrêa para um terreno na Próspera, próximo à sede do Grupo Cecrisa. Ali, uma antena mais potente foi instalada e a qualidade de som melhorou bastante.

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