TSUNAMI ELEITORAL
Que a varrida eleitoral seria grande quase todos sabiam, o que ninguém imaginava é a proporção. Ficou pouco do que havia e nada de lógica. Nunca houve uma renovação tão expressiva numa eleição brasileira. Povo fez em nove horas o que a Câmara dos Deputados não fez em quatro anos e o que a Justiça resiste em fazer. A renovação eleitoral superior a 50 por cento arrastou consigo bons projetos e personagens. E não são apenas os partidos políticos s grandes derrotados. Institutos de pesquisa e analistas devem passar por reciclagem igual às siglas. Nem os que ganharam sabem o que aconteceu. Essa interpretação ainda vai render algum tempo. Quem sabe muitos nunca entenderão o que aconteceu de fato. A história deixa um capítulo sem precedente.
UNS MAIS
Alguns perderam mais, outros menos. No Estado o PSDB segue sendo o maior perdedor. Jogou totalmente errado quando abriu mão de elevar à candidatura de governador o ex-prefeito de Blumenau, Napoleão Bernardes, que ganhou a simpatia até dos emedebistas, mas sucumbiu como candidato a vice-governador porque o fardo MDB tornou-se pesado demais para carregar.
RECADO DA URNA
O eleitor catarinense parece ter dado um duro recado ao MDB, fazendo a maquina de votos encolher a sua representação na Câmara Federal e ser engolido pela onda Bolsonaro e pela estratégia Merísio. O partido que comandou o Estado, direta ou indiretamente, nos últimos 16 anos sofreu uma dura derrota nas urnas.
ELEITOS
O fenômeno Jair Bolsonaro combinado a aposta feita por Daniel Freitas salvaram a bancada federal do sul. Ele foi o federal mais votado entre os candidatos da região. Nem ele imaginava que alcançaria um resultado tão expressivo. Geovânia de Sá (PSDB) foi garantida pela fidelidade da igreja, pois se dependesse da fidelidade tucana estaria amargurando derrota.
O TERCEIRO
O atual deputado estadual Ricardo Guidi ganhou uma vaga de deputado federal nos instantes finais da apuração. O tipo de eleição para matar do coração. Esta eleição, entretanto, ainda não está segura. Depende da decisão da Justiça, que se afrouxar para o atual deputado federal João Rodrigues liquida Guidi. Rodrigues (67.955) fez mais votos que Guidi (61.830), mas seu registro não foi deferido. Se reverter isso, a Justiça tira Guidi da Câmara.
ESTADUAL ENCOLHEU
A representação do sul do Estado na Assembleia Legislativa encolheu. Reelegeram-se Ada De Lucca, Luiz Fernando Cardoso e Rodrigo Minotto. Entre os nomes novos Júlio Garcia. Os deputados Cleiton Salvaro e Valmir Comin não se reelegeram. Outro que não conseguiu mais uma vez foi o suplente Dóia Guglielmi.
MOTIVOS
O deputado estadual, que ficou como primeiro suplente da sua coligação experimentou o fator “legenda”. Se na sua primeira eleição ganhou vaga titular na Assembleia Legislativa, nesta eleição ele fez o dobro de votos da vez anterior e amarga a suplência.
SUICÍDIO
Dos erros cometidos pelos partidos um dos maiores está no PP do Sul. O partido insistiu com quatro candidaturas quando tinha potencial para no máximo duas. José Milton Scheffer correu por fora e se reelegeu. Valmir Comin, Lei Alexandre e Pepê Colaço “se mataram”.
OLHANDO 2020
Dois nomes novos aparecem no cenário eleitoral de Criciúma, quando o assunto é briga pela cadeira de prefeito. Daniel Freitas, que se elegeu pelo partido de Jair Bolsonaro (PSL) e Ricardo Guidi (PSD) que vem pelas mãos do deputado Júlio Garcia com um empurrãozinho do vice-prefeito Ricardo Fabris associado ao legado deixado pelo pai, são nomes fortes para a disputa com Clésio Salvaro em 2020. Dois fatores podem torná-los frágeis. Um é um bom governo do atual prefeito e o outro o fato de elegerem-se deputado e se quiserem mudar o campo do seu jogo político. Isso, pelo recado deixado pelo eleitor nas urnas agora, pode ser perigoso demais.
CACETADA Tanto o governador Eduardo Moreira quanto o prefeito Clésio Salvaro foram grandes derrotados nesta eleição na sua terra. Ambos apoiavam Mauro Mariani, que ficou e terceiro lugar na corrida para o governo do Estado.
DERROTAS O candidato Mauro Mariani sofreu duas derrotas. A primeira foi para o comandante Moisés (PSL) e a segunda para Gelson Merísio (PSD) que é quem vai para o segundo turno.
DÁRIO VEM AI Nas próximas eleições oo MDB obrigatoriamente terá que buscar a reconstrução pelas mãos de Dário Berger, adversário interno de Eduardo Moreira no MDB.
VOTO REGIONAL O projeto do voto regional é outra ferramenta que precisa ser revista no sul do Estado. A associação empresarial que capitaneou o projeto sofre derrota com a resposta das urnas. Deve se tornar mais contundente, inclusive. De certa forma o setor empresarial de Criciúma sofre derrota também cm a não reeleição de Ronald Benedet.
E AGORA Passada a eleição a ACIC deve anunciar já para os próximos dias uma primeira reunião com os deputados eleitos pelo Sul do Estado. A ideia é manter um fórum permanente com encontros frequentes para debater a demanda.
ILUMINADO O governador Eduardo Moreira deve estar pensando que não poderia ter feito coisa melhor que sair do cenário político. Apagou a luz da sua vida pública no momento exato.
POR OUTRA VIA Quem está rindo à toa, também, deve ser o deputado Manoel Mota (MDB), que saiu desgastado e foi relegado pelo seu próprio partido. Fora da corrida eleitoral decidiu apoiar o ex-prefeito de São Ludgero, Volnei Weber (MDB) que se elegeu deputado estadual.