Governo exagera ao demitir Serginho Zapellinni
DETALHES DE UMA ECONOMIA
Matéria de capa de ontem aqui no DN revela mais do que uma simples devolução de “economias” ou “sobras” da Câmara de Vereadores de Morro da Fumaça ao Executivo. Prefiro a expressão que a Câmara “gastou menos” do que a de “economia”, embora à prática recente a segunda expressão se adequa melhor. Virou prática gastos polpudos nas Câmaras, que regimentalmente possuem destinação demasiada. E esse vício tem origem no andar de cima do sistema político. Ao devolver R$ 650 mil só neste ano a Câmara de Morro da Fumaça assegura um dos melhores valores proporcionalmente falando. Basta olhar que se somarmos as somas das devoluções dos últimos cinco anos o valor é pouco mais do que a metade disso. O melhor de tudo está na resposta do presidente: “este é o modelo de gestão que a sociedade passou a exigir”, diz Miguel Zacaron.
ONDE HÁ FUMAÇA
Ainda mais relevante no caso das economias da Câmara de Morro da Fumaça é que a maioria é de oposição, inclusive o próprio presidente. Miguel Zaccaron é do PSD, partido que coligou com seu tradicional adversário MDB e perdeu as eleições de 2016 para o prefeito Noi Coral (PP). Por isso o presidente diz que o recado que o Brasil recebeu das urnas em 2018, em Morro da Fumaça aconteceu em 2016.
JÁ FOI ASSIM
De fato em Morro da Fumaça o sinal das urnas de 2018 aconteceu dois anos antes. O atual prefeito, Nói Coral (PP) era um ilustre desconhecido à cena política tradicional. Ganhou a eleição de surpresa, assumiu e não recuou do discurso. Incorporou a figura do gestor. Aos olhos de quem acompanha “de fora” mudou a imagem da cidade.
DEZ MEDIDAS
O tal projeto das 10 Medidas que ganhou espaço no noticiário no Sul do Estado, e até encorajou alguns a pensar fazer o mesmo, é caso restrito de Chapecó. Não é de adaptação a outras cidades. Bem investigado, vê-se que a ideia pode ter algum valor de boas intenções, mas parece ser mais um jeito que um grupo de ex-aliados do prefeito de Chapecó encontrou para criar fato.
ESCULTURA POLÊMICA
A escultura polêmica exposta na Fundação Cultural “derrubou” Serginho Zapellini da presidência do órgão. A saída vai ocorrer após as comemorações do aniversário da cidade no dia 6 de janeiro de 2019, mas foi anunciada ontem. Pela manhã ele foi chamado ao gabinete do prefeito e demitido. A tarde o governo expediu nota informando a demissão. Ao sair do gabinete Serginho foi ao telefone repetir a setores da imprensa o que disse a Clésio Salvaro. Que o material ficou alguns minutos exposto em local aberto, o suficiente para ser fotografado, mas logo recolhido e que não havia mais razão para polêmica.
NÃO É MOTIVO
O governo acaba de apagar incêndio jogando gasolina na fogueira. O assunto já não rendia mais, depois que a peça foi retirada do local. Serginho Zapellini pagou um preço alto para o caso. A exposição foi de uma instituição que tem parceria com a FCC há décadas e este tipo de parceria é comum. Ninguém esperava que surgisse uma peça que causaria tanta polêmica. Agora o assunto deve reascender com protestos em direção ao Paço Municipal. Aquela peça não representa o Serginho, pelo contrário.
UM HOSPITAL
Muita gente ainda não seu conta do que significa a transformação do Hospital Materno Infantil Santa Catarina. Há 20 anos chamado de “hospital” passou de um posto de atendimento infantil a uma unidade de pediatria com algumas internações e desde 2005 ganhou uma UTI Neonatal, mesmo sem ter maternidade. Só a partir do dia 1º de dezembro ele vira hospital materno “de verdade”. A data de inauguração foi confirmada ontem.
AVISO AOS DE PIJAMA
Nos bastidores do processo de sucessão, especialmente na Assembleia Legislativa – que é onde as coisas fervem – já existe gente incomodada botando “a língua de fora”. Sutilmente o silêncio dos primeiros dias pós-eleição vai sendo substituído por rumores. Um dos mais fortes é a reclamação de que o novo governo estaria começando a atravessar o samba no discurso pré-posse ao reclamar do que seria o orçamento baixo. O futuro líder do governo já ouviu que “sempre foi assim” e que eram os militares que mais reclamavam reforços. Outra coisa é o tal “pijama de ouro”, farda atual de boa parte do time do novo governador. Isso hoje é só rumor de cantos, vai virar bate boca de plenário já, já.
O PIJAMA Pijama de ouro é como foi apelidada a manobra legal, mas imoral, usada nos cargos militares onde o servidor chega ao tempo de aposentadoria num cargo, ganha promoção ao cargo superior, fica nele alguns dias ou meses e se aposenta com este último salário. É o caso do futuro governador.
DIVISÃO Outra inquietação prestes a se tornar num daqueles assuntos “travesseiro de pena” do debate político é o que seria a divisão do governo entre “civis” e “militares”. Quer dizer, pelo que se percebe nos bastidores, está acabando a lua de mel.
LEI KAMINSKI O PSDB confirmou ontem que está facultando aos vereadores que quiserem deixar a siga que podem fazê-lo sem risco de perda do cargo. O partido não pedirá o cargo. O recado é direto ao vereador Júlio Kaminski, que consultou inclusive o TER sobre esta possibilidade.
RECESSO Há servidores reclamando que nunca antes um governador cortou o “recesso” de fim de ano. Engano: Luiz Henrique da Silveira fez isso ao término do primeiro ano de mandato.
RACHOU Em Chapecó, por trás das tais “10 Medidas”, – um pacote sugerindo ações de governo – entregues por um grupo ligado ao deputado federal João Rodrigues (PSD) ao prefeito Luciano Bulligon – sem partido – revela uma briga de trincheira.
ORIGEM O grupo das 10 Medidas estaria deixando o prefeito “em saia justa” ao passar um manual de como gerir o município. E isso revela a divisão dentro do PSD, partido ao qual pertenceu o prefeito, mas que se dividiu no momento de apoiar Gelson Merísio para governador.
SUSPEITAS Se procurar no íntimo dos envolvidos neste conflito que agita Chapecó pode-se encontrar a suspeita de amigos de João Rodrigues de que a sua prisão teve “dedo” de amigos ligados aos deputados estadual Gelson Merísio.
FRASE DO DIA
“Esta economia nada mais é do que a resposta ao modelo de gestão pública que a comunidade passou a exigir. O eleitor não aceita mais práticas antigas. Nós já percebemos isso a partir da eleição de 2016 em Morro da Fumaça e se você olhar bem foi isso que aconteceu na eleição deste ano no país.”
Miguel Zaccaron, presidente da Câmara de Vereadores de Morro da Fumaça, ao comentar os valores de R$ 650 mil do orçamento do Legislativo devolvidos ao Executivo. Isso significa mais do que o dobro da soma de devoluções dos últimos cinco anos.