DEMITIDO DUAS VEZES
A saída do presidente da Fundação Cultural de Criciúma, Serginho Zapellini foi uma sucessão de erros. Primeiro porque lhe faltou assessoria no caso da escultura que foi o estopim. Os mesmos que agora lamentam a sua saída não o avisaram da polêmica, pois ele nem ficou sabendo da exposição, e quando soube agiu, mas ai já era tarde. O governo errou ao aconselha-lo a pedir demissão. Como não pediu – e neste caso Serginho acertou – foi demitido com prazo de validade. Novo erro do governo. Neste momento Serginho errou porque deveria ter saído logo. O que nasceu errado só poderia terminar errado. Todos erraram e perderam.
UM E OUTRO
O professor Sandro Araújo ficou sabendo pela imprensa que seria substituído na Fundação Municipal de Esportes, mas silenciou. Serginho Zapellini ficou sabendo na antessala do gabinete do prefeito que seria substituído e saiu dizendo pelo rádio o que pensava. Os dois foram “descartados” e ambos queriam ficar.
O ECO
Sandro Araújo não “botou a boca no trombone” pela fidelidade e amizade que tem com pessoas do governo. Serginho Zapellini apenas disse o que pensava com a mesma certeza de que aquilo não teria impacto como pensou que o episódio da escultura “do pinto” também não teria impacto. Pensou errado e pagou pela ausência de malandragem.
ISSO É FATO
No governo a avaliação de ambos não é das melhores. Acontece que o tipo de liderança que o prefeito entenda ser o certo é a de captador de recursos e que faça muito sem reclamar a falta destes recursos. Para o governo, tanto Sandro como Serginho são ótimos, não para o papel que vinham ocupando.
ERRAR DE NOVO
Serginho Zapellini envolve-se ao máximo com o que faz e ontem, mesmo após ser demitido “pela segunda vez” falava em continuar ajudando se necessário no anonimato. Ele organizou o Natal na praça, por exemplo, e parece acreditar em papai-noel, quer dizer, que pode continuar ajudando e que será reconhecido por isso.
VAI KAMINSKI
O aconselhamento jurídico para o vereador Júlio Kaminski é que pode deixar o PSDB sem medo de perder a vaga de vereador, mesmo que alguém entre na Justiça pedindo a vaga. Existe jurisprudência dizendo que nos casos em que o partido registrar em ata a liberação, ela se torna uma credencial que descarta interpretação de infidelidade.
A JOGADA
O que pode haver por trás da decisão do PSDB em liberar o vereador Júlio Kaminski para deixar o partido é a intenção do prefeito de tê-lo como adversário nas próximas eleições. Clésio Salvaro sempre foi hábil em conduzir o processo eleitoral a ponto de definir no jogo quem disputa como aliado e quem vem como adversário.
PELO DITO
O PSDB deu ao vereador Júlio Kaminski uma arma com potencial de liberá-lo sem o risco de alguém pedir o seu mandato. A presidente do partido, Roseli De Lucca Pizzolo admitiu no rádio que a decisão foi provocada pela dificuldade do partido com Kaminski. Assim sua assessoria jurídica tem novo argumento de “maus tratos” políticos.
O PORTAL
O governo de Nova Veneza inaugura hoje o portal de acesso ao município construído na chegada do distrito do Caravággio. A obra acontece com verbas do Ministério do Turismo destinadas pelo deputado federal Esperidião Amin atendendo apelo de progressistas do Caravággio como Genésio Spillere e o prefeito da época, Evando gava (PP). O casal Amin e Spillere visitam o prefeito ontem.
VAI BOTANDO NA CONTA
Decisão da Justiça, ontem, obrigado o Estado a começar a pagar já no próximo ano dívida de R$ 81 milhões que tem com as prefeituras por conta de verbas da saúde. O pagamento será feito em 35 parcelas e inicia em março. Isso é dinheiro para custear o Programa Saúde da Família, que até então tem recursos apenas dos municípios e União. O Estado sabia que um dia teria que pagar estes valores. Ontem a audiência fechou com acordo. Esta é mais uma bomba solta no colo do futuro governador. A falta de pagamento acarretará em sequestro do valor necessário das contas do governo.
FALTOU MIGUEL Ontem se concretizou a eleição do Sebrae, processo em que o governador Eduardo Moreira acabou surpreendido, pois tinha um acordo para escalar em um dos cargos estratégicos o seu fiel escudeiro Miguel Ximenes. Acontece que o acordo firmado no gabinete do governador não foi honrado pelos empresários envolvidos.
A CAUSA Se bem apurado o governador saberá que sua derrota foi uma resposta articulada no setor empresarial porque começou articulando de um lado e terminou de outro, mas perdeu pela reação da terceira via. Havia três segmentos.
A DISPUTA Esta disputa de ontem para o comando do Sebrae, assim como nos casos de federações da indústria e do comércio, principalmente, se trata de uma verdadeira guerra pois fala-se de muito dinheiro gestado por elas. É o dinheiro do chamado Sistema “S”, recurso que sai da folha de pagamento.
OS RECURSOS Só para ter uma ideia do tamanho da importância destas disputas, a FIESC recebe cerca de R$ 1 bilhão todos os anos. A Fecomércio em torno de R$ 350 milhões. Aqui, na ponta de linha, conhecemos a aplicação destes recursos através de órgãos como Sesi, Senai. Senac, Sebrae e outros.
PULA-PULA Não é só o vereador Júlio Kaminski (PSD) que estaria prestes a mudar de partido. Há outros, mas o momento é considerado inapropriado para troca de siglas, pois a mudança na legislação eleitoral pode fazer com que os que deixarem o seu “quadrado” agora, podem cair no mesmo “quadrado” lá na frente em virtude das fusões que devem ocorrer.
SEVERINO O Secretário de Governo, Arleu da Silveira é quem assume interina e cumulativamente a presidência da Fundação Municipal de Cultural de Criciúma. É assim sempre que o prefeito necessita de alguém. Por isso carinhosamente ele é chamado de “Severino quebra galho”, numa referência a um personagem de programa de humor da televisão.
AFINAÇÃO São poucos do governo de Criciúma que tem a sintonia perfeita com o prefeito Clésio Salvaro. Arleu da Silveira é sem dúvida o mais afinado.
FRASE DO DIA
“Não foi nada em função da escultura. Isso já vinha sendo avolumado em função da minha briga pela cultura de Criciúma. Acho que esse evento da escultura é apenas um pretexto para que eu pudesse ser mandato embora.”
Serginho Zapellini, ao comentar a sua saída na rádio Eldorado, ontem pela manhã. Este teria sido o momento em que o prefeito decidiu abreviar a permanência dele no cargo.